É certo que os que estão sendo iniciados na prática de historiar já entendem a distinção entre "povos civilizados" e "povos bárbaros ou selvagens", tomando como base desigualdades e hierarquizações de fundo etnocêntrico e evolucionista. Mas muito provavelmente não estão atentos ainda para o fato de que elas tanto confundem os diferentes conceitos de um mesmo significante - a experiência vivida; seu fiel relato; sua ficção mentirosa; e sua explicação erudita - quanto dificultam se não impedem, a compreensão de que mesmo aquelas sociedades sem historiografia possuem uma memória cultural que lhes permite fundar a hereditariedade dos saberes que constituíram, e assim também se dão a conhecer a historia a partir de produções culturais, que apesar de nao estar nos padrões de documentos oficiais tem seu valor indiscutível na sociedade. 6u6w6v
O docente não deve estar mais fixado na idéia de conhecimento apenas nos modes sociais conhecidos e perpetuados, é importante que o aluno reproduza algo em que ele se insira também, através de conhecimentos de vida que hoje já são considerados documentos não escritos. O sabor da busca e o prazer de aprender, de compreender a realidade, são encontrados em um contexto com que ele se identifique, caracterizando a relação do sujeito com o meio, à interação entre ado e presente. Então, com seu trabalho, o professor precisa criar condições, estimular o desenvolvimento de habilidades e competências no corpo discente, aguçando a criticidade do aluno, de modo que ao ver uma foto ou artes antigas, ouvir uma musica de outro momento político e social ou visitar um museu, consiga perceber o que aconteceu e qual o resultado daquela ação na sociedade em que vive.
Nesse sentido, não é apenas a relação dos alunos com o conhecimento que se dá de maneira inadequada, mas também a relação dos profissionais da escola com esses materiais, deveriam envolver os alunos com a educação influenciando diretamente no comportamento e interação social desses jovens. O professor/historiador consciente, atualizado, sabe que, cada um de nós se relaciona com o outro como ensinante, consigo mesmo como aprendente e com o conhecimento como um terceiro de um modo singular, da mesma maneira que o potencial educativo dos acontecimentos ados é surpreendente.
Analisando com cuidado músicas, fotos, entre outros encontraremos algo que se repete e algo que muda ao longo de toda a sua vida nas diferentes áreas. Esse molde de aprendizagem ou esquema de operar que vai sendo utilizado nas diferentes situações de aprendizagem deve e pode ser melhorado com outras fontes de pesquisa, como aquela que aguça a criatividade ao ver uma foto ou faz o aluno pensar o que se ava quando foi feita uma musica do período militar. A modalidade de aprendizagem indica um modo particular de relacionar-se, procurar e construir conhecimentos por parte do sujeito como autor de seu pensamento e isso tem, pode e deve ser aperfeiçoado.
Contudo, outras formas de conhecer o ado deve ser de uso continuo nas ações pedagógicas, onde o cotidiano ado como instrumento de sensibilização do olhar e, por conseguinte, de produção de saberes históricos podem e devem ser utilizados. Pretendo também, sob o eixo das relações entre imagens e memória, refletir sobre lógicas de pertencimento e processos de construção de identidades no recorte da história geral, no caso dos arquivos, guardiões de documentos que expressam direitos não só à História, mas também à Cidadania, esses equipamentos devem merecer uma atenção especial, não só pela sua importância, mas pela magnitude dos desafios que enfrentam.
4. Referências Bibliográficas
Texto: BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Documentos não escritos em sala de aula. In: Ensino de História: fundamentos e métodos. Cortez Editora, 2004 p.353-382.
O uso de documentos no ensino em nossa sociedade desde o princípio foram utilizados de maneira rígida, não existindo possibilidades de flexibilização desse conceito, documentos escritos são sem sombra de dúvidas um documento inquestionavel para formação do conhecimento e intendimento do ado. Mas a idéia de que é a unica maneira confiável e existente de discutir o ado vem caindo por terra.Fonte: Brasil Escola - /educacao/documentos-nao-escritos-na-sala-aula.htm